(ANS – Alepo) – Quase 12 anos de guerra, um país devastado por bombas e com apenas duas horas de eletricidade por dia, sem combustível para geradores, onde não há trabalho e os preços são inacessíveis devido à inflação: assim estava a Síria quando, na madrugada de domingo, 5 de fevereiro, sofreu dois devastadores terremotos, ambos superiores a 7 na escala Richter. O primeiro levou os sobreviventes a saírem às ruas, na chuva; o segundo, a destruição de muitos edifícios danificados. Diante de tal cenário, os salesianos de todo o mundo estão se prestando para ajudar. Da Espanha, ” Misiones Salesianas” (Procuradoria Missionária Salesiana), de Madri, e a ONG “Bosco Global”, da Inspetoria Espanha-Maria Auxiliadora, já puderam ajudar.
“Durante a noite, o terremoto foi muito forte e longo e depois foram registrados outros tremores secundários”, disse o P. Alejandro León, Superior dos Salesianos do Oriente Médio (MOR). “O primeiro tremor foi muito forte e longo. Todos saíram para a rua em plena madrugada, debaixo de chuva, sem agasalho. Quem estava em Alepo correu para refugiar-se no ‘Dom Bosco’, uma vez que a nossa Casa não tinha sido atingida”. Com o segundo tremor, “quase 500 pessoas passaram a noite conosco”.
Como se disse, a Obra salesiana de Alepo sofreu danos controlados, com rachaduras e algumas janelas quebradas, mas tanto os salesianos quanto as pessoas a que atendem estão bem. Cresce mais e mais o número de famílias que precisaram abandonar suas casas e se refugiar na Obra salesiana de Alepo em busca de ajuda. Muitas das casas dessas pessoas já tinham sido seriamente danificadas durante a guerra; na Casa de Dom Bosco se sentem mais seguras.
A situação é semelhante nas outras duas cidades sírias, onde os salesianos possuem centros – em Damasco e em Kafroun – ; ali houve menos vítimas; entretanto os danos materiais e de infraestrutura foram significativos. Em Kafroun, cerca de 150 famílias se refugiaram na obra salesiana após suas casas terem sido atingidas.
“Doze anos após o início da guerra na Síria, os terremotos fizeram com que as construções que estavam mais danificadas pelas bombas não resistissem – diz ainda o P. León – . Muitas pessoas que já não tinham quase nada agora perderam tudo e temem por seu destino”.
As primeiras horas após o terremoto são cruciais quer na busca de sobreviventes sob os escombros quer também na organização do socorro de emergência.
A maioria das famílias voltou para suas casas para verificar seu estado, e buscar roupa; mas o medo impera. “O governo distribuiu um pouco de pão, mas ainda precisamos de tudo: colchões, cobertores, agasalhos, comida…”, relatam os salesianos de Alepo.
“Sofremos a guerra por muitos anos, há dois anos e meio tivemos a explosão no porto de Beirute: tudo afeta a economia e a população. E, agora, os terremotos. Tudo isso é muito complicado, mas não desistimos, e o povo sírio vai continuar unido e seguindo em frente” conclui, com coragem e esperança, o Superior da MOR.
Para apoiar o trabalho dos salesianos na Síria em favor das famílias mais afetadas pelo terremoto, os salesianos da Espanha também se mobilizaram, ativando dois canais de doação por transferência bancária, acessíveis aqui.